TRANSATRAVESSADOS

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4 de abril de 2013

Emilly


A minha mulher tem dois éles
e se desloca elástica em mim
                                              e voa para dentro do próprio sangue
                                                                por fora do corpo e de si
                                                                             quando me ama
                 e dança.
Jovem virgem que lê e dança a mais bela
minha namoramada mulher
quer me desposar
                            quer-me na primavera.
Quero-lhe o hímen, a mão, o sim e o sim.
Quero-a então para sempre só para mim.
Tira-me do sério (ó Destino)
e para dançar fora dos livros. E ela lê e me lê com éles nos óculos-
                                                              ósculos tranquilométricos
e me ama. Amo-a. Ela tem asas nos olhos e nos éles do meu amor 
sem calcinha. Ela é só minha.
Bela musa virgem se isso é possível não é possível depois de mim:
ela a quem sempre amar à primeira vista,
sangrada pelo poeta-plateia,
                                              volta ao corpo a escrever nua no ar
                                              o poema que com dois éles me cala
                                              ilegível no infalível fim que se infla
                                             com quem é o escolhido a deflorá-la.
Ela a mulher artista a melhor conquista a única que desejo cantar
                                               pois este fauno alcançou sua ninfa.



8 de fevereiro de 2013

estrelinha



esquecer deus*, essa Coisa
tão sem notícias
desde a nenhuma aparição
(e fazer Fogo, esse dogma
sem outra obrigação
a não ser transformar tudo
que não é à prova dele).
fundar religiões da rua
segundo terceiros,
e atravessar ainda outras tábuas da culpa
com rabiscos de sesta
com pouco ou mesmo nada de inocência
com cautela para não, e para não apenas.
estar como a lua que já se insinua de dia
(matar a fome, matar a fome
– a nossa filha sempre jovem
e que sempre volta –
diante da porta da velha era,
diante da era da porta velha);
e odiar voar de avião ou de imaginação,
mas amar ser pássaro que põe pássaros.
ser malcriado, e sobretudo,
jamais repetir isto que sou, por vaidade.


* de fato, 
só sei ser 
dessa excelência de ignorância, creio eu; o que cria,
substancialmente cambiante para os vossos gostos,
um vaivém de hábito e vicissitudes, conforme sou informado.