TRANSATRAVESSADOS

10 de janeiro de 2013

Resoluções de (ano) novo




Não me deprimir com tudo aquilo que normalmente alegra
Jogar muito xadrez, adotar um gato preto e não pensar em viajar
Chorar menos, exceção aos Bergmans que confirmam a regra
Ganhar algum dinheiro, nem que para isso seja preciso trabalhar

Ir mais ao teatro, não ir menos ao cinema, ou reciclar relógios
Fumar apenas depois de comer e comer com mais frequência
Ser menos territorialista, dividindo meu espaço em episódios
Parar com as aventuras e tentar suicídios com mais prudência

Beber água e dormir, para dar uma variada ou mesmo sobreviver
Arriscar-me a discordar de Nietzsche, Cioran e Schopenhauer
Nunca perdoar e nunca capitular, e, sempre que possível, esquecer
Aliviar nos assuntos, sem no entanto incorrer no Flower Power

Nunca deixar a cor me distrair da profundidade em Van Gogh
Fotografar somente em P&B para enxergar mais com menos cores
Deve ser urgente reler Huidobro, reouvir Monk, rever Herzog
Afastar-me das criaturas que costumam se aproximar de criadores

Escrever menos e ler menos ainda, e, falar e ouvir, jamais
Legar à posteridade uns quinhentos nus frontais, enquanto duro
Amar mais através do sexo do que foder amando demais
Evitar relacionamentos à distância, sobretudo com os do futuro