como representar o espaço que nasce
tridimensional
em um plano bidimensional como é a
folha de papel
soube lá um Sr.
Maurits Cornelis e não há outro igual
que fez
a vida na arte do traço desconhecido de babel
obra que tende a representar construções
impossíveis
verossimilhança do inteligível
que condensa ou derrete
com a pena que assume realidades apenas
presumíveis
forma como uma figura se
entrelaça na outra e se repete
novas regras da perspectiva em
distorcidas representações
de alto
a baixo
uma reta nos imerge na vertigem da altitude
de imagens delirantes pelos
efeitos de óptica e suas ilusões
de
norte a sul
já se delineia aqui e distante uma longitude
e mundos geométricos
entrecruzados de loucas projeções
de
leste a oeste
eis que esboça-se equidistante uma latitude
assim ele explora o limite e o infinito por
aproximação
sonhos recorrentes em miniatura e
colossais paisagens
reciclam-se o côncavo e o convexo nessa
contemplaçao
mundo de reflexos esféricos
brilhando como miragens
sendo fonte de qualidade técnica e estética
descomunal
com régua e compasso ele faz da
imagem uma marionete
um meio de caminho entre a pedra de toque e a
filosofal
em diversos níveis nos quais o
nosso olhar se intromete
o preenchimento regular do plano
nos mosaicos e padrões
recompatibiliza tudo pela extrema
diferença ou similitude
de corpos matemáticos em seus
estudos e compenetrações
as inesperadas embora constantes
metamorfoses a que alude
nos olhares vertiginosos de todos
os ângulos das construções
com improváveis prestidigitações com
que a página nos ilude
agravam-se simetrias imbricadas em suas
gravuras
nos contrastes peculiares e
meios-tons da percepção
perspectivas delirantes de litografias e
xilogravuras
em paradoxos visuais com que
desenhará distorção
assim nossos olhos desenham estas e outras viagens
que
cria o Sr. Maurits Cornelis por obra de um traço
e une os versos da imaginação em pictóricas imagens
um indivíduo em múltiplos e o
todo em um só pedaço