TRANSATRAVESSADOS

21 de fevereiro de 2013

dormir, sonhar, despertar



dormir
não sem qualquer resistência
a tão sutil fração de suicídio
e, por
desejar profundo,
atingir
a superfície de si

sonhar
como quem já é 
para estar sem fundamento
e, em não caber,
deixar-se andar livremente
para mais saber
quanto mais se é sonhado

despertar
sem decapitar o sonho
condenado ao dia
por ter drogado a noite
e, ao longo dessa
debilíssima vigília,
continuar despertando