TRANSATRAVESSADOS

31 de outubro de 2012

não lugar



a minha terra sepultei no espaço
em tempo de herdar uma nova moradia
outro eu desabrigado invadiu o que faço
este latifúndio mais ermo de poesia

imagino a viagem invejoso
viajo a inveja imaginoso
imagino a imagem viajoso

      em alongada elipse de lado a lado
                                                    um ano trópico transo pensar
     em eremitério voluntário impensado
                                               um mundo tropical queria alugar
     em lugar ao justo contrário rotacionado
                                         um traslado mundano a me ver rodar
     em alado querer voragem tropica trançado
                                  um eclíptico distanciamento a me alongar


23 de outubro de 2012

De uma vez por todas

Aoristo, o passado é imprevisível.
E o amanhã “adeus, past tense!

Há o novo a predizer o velho predizendo
passados a cumprir vaticínios futuros.
Compridos comprados comprimidos.

A vida como sucessão de spleens
e a História, acúmulo de Tédios.
O porvir, amigo de longa data.

(Ruído desde a pré-história, um clássico!
Alta ou baixa, qual sua idade média?
Ainda que tardia, modernidade?
Era tããão contemporânea... E há pós?)

O Agora, uma cronologia passageira,
se o Tempo é essa sina assaz sina.
E se profetizar o que já aconteceu,
foi a recordar o que acontecerá.

Parece que o mundo acabou, mas apenas começa.
Resta a esperança de um passado cada vez melhor.
 


16 de outubro de 2012

malversado



envergo palavrão e o pinto torto em telinhas certas
para inépicas minas musas cuja sede delira a fresco
quando as curradas imagos hermeticamente abertas
usam me metafimosear a cada vez mais escheresco

e todos os cantos do cisne insigne que ouvi lascivos
estavam tão mal olheados nessas molduras d’oblívio
que quando compro meto-me a tingir seus negativos
desde cada ponto que se dê forma ao cruzar o trívio

e se me sem sur harém por pareser cer autocríptico
saibam que o verídico literalmente porque li ter ato
em cada peça cá representada pois o friso klímtico

quando descoagulo o concreto em borrão abstrato
e tanto posso arriscar o que surre ao já magríttico
quanto obrar o ruído inverso que desfaz o soneto