TRANSATRAVESSADOS

8 de fevereiro de 2013

estrelinha



esquecer deus*, essa Coisa
tão sem notícias
desde a nenhuma aparição
(e fazer Fogo, esse dogma
sem outra obrigação
a não ser transformar tudo
que não é à prova dele).
fundar religiões da rua
segundo terceiros,
e atravessar ainda outras tábuas da culpa
com rabiscos de sesta
com pouco ou mesmo nada de inocência
com cautela para não, e para não apenas.
estar como a lua que já se insinua de dia
(matar a fome, matar a fome
– a nossa filha sempre jovem
e que sempre volta –
diante da porta da velha era,
diante da era da porta velha);
e odiar voar de avião ou de imaginação,
mas amar ser pássaro que põe pássaros.
ser malcriado, e sobretudo,
jamais repetir isto que sou, por vaidade.


* de fato, 
só sei ser 
dessa excelência de ignorância, creio eu; o que cria,
substancialmente cambiante para os vossos gostos,
um vaivém de hábito e vicissitudes, conforme sou informado.