TRANSATRAVESSADOS

13 de setembro de 2012

União Estável



Em seguida ao felizes para sempre,
dancemos o minueto de fidelidade.
Arredonda-me bem
a fim de que ainda te sobres qualquer vão
depois que me houveres decorado.
Deslinda-me a cara
que se amortalhará com pelosinais hinduz.
Domicílio conjugal ou concílio dominical,
será a união estável, DDT estável.
Chegarei às oito menos um quarto
após oito longos trabalhos de hora.
A viver sem vigília,
morrendo de sono.
Conterás os sempiternos perfumes do mal
curtidos no tédio cinza dessa espera
e hei de com tal me embriagar bem
antes de te possuir.
Amor, já posso ir?
Saber-te-ás a coisa mais importante que há,
o que te reconsagrará rainha ao me reificar.
Fumaremos os cigarrinhos d’artista
sem atinar que são as fezes da mesma vaca
que então caberá nesse prato que me fazes,
e aos filhos: coma sucrilhos e jamais cases.
Serei já um casto
e ainda hedonista
por ter semeado aspirinas por sob os tacos.
E deitaremos embrutecidos de cetim
e cobertos de razão
a digerir o feijão de nosso amor sem mim. 

2 comentários:

  1. Nossa, muito bom seu poema. Adorei! Um belo retrato de sua vida conjugal e atual.
    Parabéns, Davi!
    Convido-o a conhecer o OBC, aposto que também irá se identificar.
    Beijinhos e te aguardo lá!

    www.barquinhocultural.com

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    1. Muito obrigado, Patricia. Volte sempre. Apenas ressalto que esse poema pode ser considerado um obra de ficção, cujo conteúdo nada tem a ver com minha real vida conjugal, atual ou pregressa.

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